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domingo, 15 de agosto de 2010

Exercícios físicos previnem envelhecimento das células

Fonte: Folha de S. Paulo

Novos dados explicam o funcionamento molecular dos efeitos protetores da atividade física sobre várias doenças, como o câncer.

A prática regular de exercícios previne o encurtamento dos telômeros, estrutura da célula envolvida na reprodução celular. O achado é de um estudo alemão, publicado no periódico científico "Circulation".

Quanto mais longo o telômero, mais eficaz. Quanto menor, há menos capacidade de divisão da célula, até que ela, por fim, morre. Os telômeros representam a parte terminal dos cromossomos. Seu papel é preservar com a maior fidelidade possível o código genético.

"Com o passar do tempo e a divisão das células, os telômeros tendem a reduzir de tamanho perdendo o efeito protetor do código genético", diz Antonio Herbert Lancha Jr, fisiologista do laboratório de nutrição e metabolismo da escola de educação física da USP.

Segundo ele, o encurtamento dos telômeros faz com que a célula perca suas características e uma das consequências é o envelhecimento dessa estrutura.
"O telômero mostra o grau de saúde da célula, quanto mais saudável, mais longe da morte. Essas células provavelmente vão envelhecer mais tarde", diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Enzima

O estudo alemão mostrou que o exercício físico em atletas profissionais leva à ativação da enzima telomerase, responsável por estabilizar o telômero.

"A importância desse achado é que, ao preservar a integridade dos telômeros, é como se estivéssemos preservando a nossa informação genética. Assim impediríamos que mudanças estruturais ocorressem, prevenindo algumas doenças como o câncer", diz Lancha Jr.

Para chegarem ao resultado, os pesquisadores compararam leucócitos (células do sangue) de quatro grupos de voluntários. Um era composto por 32 corredores profissionais jovens, com idade média de 20 anos. Outro era formado por atletas profissionais mais velhos, com idade média de 51 anos, com um histórico de atividade física regular.

Ambos foram avaliados e comparados com um grupo de pessoas saudáveis, não-fumantes, porém sedentárias, de várias idades. Não houve grande diferença no tamanho dos telômeros entre os atletas jovens e os sedentários jovens. Porém eles eram significativamente mais longos nos mais velhos.

A análise das amostras revelou uma ativação da enzima telomerase nos atletas - nos jovens e nos mais velhos- em comparação aos sedentários.

Segundo os pesquisadores, a ativação da enzima telomerase, a longo prazo, diminui o encurtamento dos telômeros.

Para os autores, os dados melhoram o entendimento molecular dos efeitos protetores do exercício sobre doenças relacionadas ao envelhecimento.

"As células têm apoptose, a morte programada, e o estudo reforça que outros fatores podem alterar essa programação, como hábitos de alimentação e atividade física", diz Zogaib.

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